Antes mesmo de engravidar sabia da enchurrada de palpites e opiniões alheias que viriam quando isso acontecesse. E sempre foi um medo, porque desde sempre odeio palpites e opiniões dadas sem que sejam pedidas. Um dos motivos pelos quais nos levaram a anuncia a gravidez depois dos 3 meses foi justamente poder curtir um pouco a nossa privacidade, a felicidade da notícia sem já de cara ter que lidar com "dicas" e "recomendações" alheias. Infelizmente esses 3 meses passaram muito rápido, e desde então a lista de coisas absurdas e que me tiram do sério só foi crescendo. E agora quase no final dessa etapa percebo que não cheguei a curtir quase nada da minha gravidez, da minha barriga e dessa nova fase. E é meio triste que um momento assim tao pessoal e importante na minha vida tenha passado assim, meio batido, com muito medo e com muita raiva da falta de consideração e respeito pela minha privacidade e minha vontade. Isso que estamos na Alemanha, longe de tudo e de todos (ou talvez por isso). Por aqui, eu não querendo ser incomodada, é só desligar o computador, em compensação estando no Brasil eu poderia dizer na cara das pessoas: "isso não é da sua conta", "o filho é meu a escolha é minha". Se você "diz" isso virtualmente você é taxada de intolerante...
Só pra terem idéia das coisas que já fui obrigada a ouvir:
- quando vocês vão contar pras outras pessoas?
- eu precisei contar pro fulano porque senão pega mal.
- já sabem o sexo?
- não vão dar nomes muito estranhos né?
- por favor não dêem nomes como Kunigunde.
- vamos lá comprar o berço (aos 3 meses e meio)
- vocês não vão demorar pra contar quando o bebê nascer né?
- tenho medo dos nomes que vocês vai escolher, o Lukas tem umas idéias muito estranhas.
- eu quero ser avisada assim que nascer a criança.
- coitados, tao longe da família.
- já tá com cara de mãe. ( e mãe lá tem cara diferente?)
- berço no quarto de vocês, mas e a privacidade?
- já tá com cara de mãe. ( e mãe lá tem cara diferente?)
- berço no quarto de vocês, mas e a privacidade?
- mas como assim não querem saber o sexo?
- mas é menino ou menina?
- ahh, mas daí não dá pra comprar roupinha apropriada.
- não pode deixar o Lukas decidir as coisas.
- já compraram o berço? (aos 4 meses).
- mas tem que ter carrinho e bebê conforto.
- mas é muita folga sua querer o berço do lado da cama de vocês.
- não vão escolher nomes muito esdrúxulos né?
- ahh mas esse berço é mais seguro que o outro.
- você tem se alimentado bem?
- já fez cocô hoje?
- e o berço? quando vão comprar? (aos 5 meses)
- a mãe da Babi vem né?
- manda foto.
- que grávida linda. (como se eu fosse uma pessoa feia!)
- que grávida linda. (como se eu fosse uma pessoa feia!)
- fulana não teve ajuda da mãe quando teve filho, coitada.
- mas não vão dizer mesmo pra que dia que é?
- quando que a mãe da Babi vai?
- quando vocês voltarem pro Brasil vai ser mais fácil né? aí não tem ninguém pra ajudar. (ahh se intrometer vc quer dizer...)
- quando vocês voltarem pro Brasil vai ser mais fácil né? aí não tem ninguém pra ajudar. (ahh se intrometer vc quer dizer...)
- que dia que nasce?
- tá tudo bem com o bebê?
- mas é menino ou menina?
- mas vocês não querem saber o sexo?
- ou sabem e só não querem contar?
- vocês precisam de dinheiro?
- ahh é muito chato não saber se vai ser menino ou menina.
- vão a pé pro hospital? Coitada da Babi.
- mas precisa de um bebê conforto pra voltar do hospital.
- voltar a pé do hospital? Mas a Babi vai estar muito cansada.
- manda foto.
- tem que dar mais atenção pra Babi agora, coitada.
- e a barriguinha?
- já viram o bebê de novo?
- não pode se estressar pra não estressar a Babi pra não estressar o bebê. (mal sabem quem realmente me estressa)
- como tá a barriguda? (barriguda é a vó!)
- precisam de dinheiro?
- quando mesmo vocês vão comprar o berço? (aos 6 meses)
- ahh mas criança pequena precisa de mais roupinhas.
- berço do lado da cama? Ah que preguiça de levantar.
- tem certeza? Eles se sujam muito nessa fase.
- mas você é brasileira, tem que dar banho todo dia.
- coitada dessa criança, vai nascer sem nome.
-quando vão ver o bebê de novo?? ahh mas no Brasil...
- e o berço? quando mesmo? (aos 6 meses e meio)
- coitados de vocês, tao longe da família.
- coitada dessa criança, terem pais tao rígidos como vocês.
- quando a fulana teve filho...
- quando a fulana teve filho...
- você só diz isso agora.
- tem certeza que não querem saber o sexo?
- se precisar de dinheiro pode pedir.
- mas tá tudo bem mesmo?
- tenho medo que essa criança fique muito dependente de vocês. (?????????????????????)
- manda foto
- coitada dessa criança, vai ser criada longe da família.
- o Thomas vem quando mesmo pra comprar o berço?
- e mãe da Babi quando chega?
- tá chegando né?? tá muito nervosa?
- mas não vai ter protetor no berço?
- coitado do bebê, vai nascer sem nome.
- coitados de vocês aí sozinhos.
- coitados de vocês aí sozinhos.
Não me levem a mal, tem comentários ali em cima que são super normais e que não são nada intromissivos, mas quando a gente ouve eles 1000 vezes vindos da mesma pessoa, torra o saco né?!
E sabem, eu tenho é muita vontade de dividir esse momento com minhas amigas, de poder bater papo, trocar idéias, falar de outras coisas que não sejam gravidez e filhos... É chato nesse sentido estar aqui longe. Só falando com nossas mães, que nos tratam como se ainda tivéssemos 5 anos de idade e não tivéssemos responsabilidade nem capacidade suficiente de criar um criança. Sei que elas não fazem por mal, mas às vezes a gente não quer dicas e experiências pelas quais elas ou sei lé eu quem passaram, a gente só quer decidir por nós mesmos como, quando e o que vai ser compartilhado. Ter os nosso momentos de família só nós, sem ter sempre a cobrança de nossos pais terem que saber tudo que fazemos, pensamos, comemos, sentimos... E essa neura de querer participar a todo custo, o tempo todo sufoca, é cobrança atrás de cobrança, nada que a gente faça ou decida está bom o suficiente, afinal eles tem mais experiência, e o fulano tem uma estoria parecida que não terminou muito bem.
E parece que todo mundo sabe como eu devo me sentir, afinal toda grávida/mãe fresca sente as mesmas coisa né? Todo mundo já sabe que vou sofrer nos primeiros dias e que sou uma coitada por não estar perto da minha mãe. Todo mundo já sabe que vai ser assim ou assado depois que a criança nascer, todo mundo já decidiu como eu devo me sentir, como eu vou me comportar, como o bebê vai ser. Já está tudo decidido por mim e pelo bebê, pra quê então eu deveria me preocupar né? E ainda tem o fato de que tudo cai sobre mim, alguém aí acha que alguma vez alguém se lembrou de perguntar pro futuro pai como ele está se sentindo? Como ele está se preparando pro papel de pai?? Conversamos sobre isso mês passado e a resposta dele foi negativa. O povo só quer saber de mim e da minha barriga (que é MINHA, ninguém tem nada a ver com a minha barriga, deixa ela em paz!!!!Da minha barriga cuido eu!!), nem mesmo a família dele está dando atenção ao futuro pai, todo mundo tá dando só pitaco na minha barriga!! Que saco isso viu... Como se os homens não tivessem participação nenhuma no acontecimento, como se eles não tivessem também as dúvidas e questionamentos deles, como se eles também não tivessem que lidar com a pressão de serem bons exemplos, tudo cai sempre em cima da "vaca parideira", afinal, quem mandou nascer mulher né?! A sua família vai te cobrar, a família do seu marido vai te cobrar e eles ficam lá bonitões, sofrendo calados, porque ninguém se importa com a opinião deles. Fico p... com esse tipo de coisa.
Ahhh desculpa aí o mega post-desabafo, mas é que eu tô realmente de saco cheio, e os assuntos malas foram se acumulando... Em breve faco mais posts bonitinhos e cuti-cuti que é pra ninguém desistir de ler meu blog... hehhehe